Claudineia
Rodrigues
Agente
Educacional I
Marines
dos santos Rodrigues era uma criança quando saiu de Minga Porã
Paraguai, sua terra-natal. Depois de algumas horas de viajem,
finalmente ela desembarcou em Rio Bonito do Iguaçu com seus pais e
uma irmã de 4 anos de idade. O pai agricultor natural do Paraná
deixa sua cidade natal na esperança de achar novas oportunidades,
uma vida melhor para sua família.
Acampou
-se com a esposa, duas filhas e seus pais, atualmente moradores na
Comunidade Nova Aliança, na Fazenda Pinhal Ralo próximo ao Rio
Xagu, juntamente com outras famílias de 62 municípios diferentes,
todas em busca de realizar um sonho um pedaço de terra um trabalho
digno no campo e melhores condições de vida.
O
tempo foi passando e os momentos difíceis chegaram o vento e a chuva
forte que muitas das vezes rasgavam a lona dos barracos, a fumaça e
o frio tomava conta da baixada a saúde das crianças estava sendo
prejudicada, havia falta de remédios e alimentos, a discriminação
com os companheiros sem-terra, a falta de humanidade e sensibilidade
de algumas pessoas de fora do acampamento.
Época
em que muitas pessoas não se colocavam no lugar do outro para
imaginar como elas sofriam como elas sentiam, passou a ser normal a
fome o frio a falta de dinheiro, o desrespeito das pessoas, a
humilhação com as pessoas acampadas, a falta de solidariedade de
pessoas desumanas que não sabe e nunca saberá o que é ser humano.
Marines
e sua família havia sofrido o bastante, como se não bastasse tudo
isso, num desses dias de início do inverno marines pegou uma gripe,
foram alguns dias de remédios caseiros, xaropes para curar o
resfriado. Porém a febre e os sintomas da gripe não passava. Seus
pais Joel e Claudia preocupados com a saúde da filha foram para o
posto de saúde municipal.
Chegando
no hospital Santa Teresa o interno foi feito de imediato, o médico
fez os exames, chamou os pais e explicou que o problema de Marines
não era gripe os remédios tomados anteriormente não estava
tratando da doença. As substâncias químicas liberadas na corrente
sanguínea para combater uma infecção desencadeou em uma inflamação
em todo corpo, foi contatado a presença de bactérias na corrente
sanguínea, ela também tinha que passar por uma cirurgia intestinal
urgente. Ela ficou mais dose dias internadas neste hospital mas o
estado de saúde dela já estava avançado.
Não
estava sendo fácil, o dinheiro estava acabando com as idas e vindas
para Guarapuava, a mãe com a filha no hospital, o pai, os avós,
tios, os amigos, companheiros e companheiras de luta torcendo para
tudo dar certo e Marines voltar para casa todos demostrando força e
um espirito positivo. Estavam confiante que depois da cirurgia do
tratamento certo tudo ia ficar bem. Mais no fundo, um temor invadia o
coração. Várias crianças já havia morrido, vários velórios já
tinha assistido naquele barracão de lona. Crianças que eram levadas
pelos seus pais para um tratamento médico hospitalar, na esperança
de voltar para casa, mas não era o que acontecia, ficava somente
lembranças e saudades eternas.
Muitas famílias não suportaram tais perda e desistiram, mas quem
ficou e lutou até o fim conseguiu um “pedaço de chão”.
No
dia 05 de junho de 1996 a mais e temível terrível notícia, os
coordenadores responsáveis por dar as notícias e avisos através de
um microfone e uma caixa de som no acampamento, anunciaram por volta
das 22:30 horas da noite que a pequena Marines dos Santos Rodrigues
de apenas sete meses de idade tinha vindo a óbito. Foi desesperador
para toda a família, seus pais no hospital já sabia que ela tinha
falecido ás 20 horas no hospital Santa Teresa, mais o restante da
família, avos, tios (as) e amigos(as) da família aguardava a
qualquer momento a alta da pequena para poder pegar em seus braços
matar a saudade desses 20 dias que ficou internada.
Fazem
23 anos que ela foi morar com o Papai do céu não foi feito o
velório no barracão de lona preta. Muita burocracia e o corpo
demorou pra chagar então foi feito só o enterro no cemitério
municipal de Rio Bonito do Iguaçu, no dia 06 de junho de 1996. Essa
lembrança esta viva em nossa memória, a esperança é de um dia
reencontrar com ela, sabemos que essa é a Lei da vida nascer, viver
e morrer. Mas ela não viveu foi cedo demais tinha tudo pela frente,
sonhos que não chegaram a se concretizar.
Ficou
saudades eternas, que aumentam a cada dia, as feridas da perda não
cicatrizam, elas ardem e fazem as lagrimas vir no olhar. Mais em meio
as tanta dor da falta que ela faz a fé religiosa consola o coração
da família, minimiza, e faz segui-los em frente em outra direção.
Seus pais não conseguiram ficar até o final para realizar o sonho
de um pedaço de terra e uma vida melhor, desistiram depois de 2 anos
de luta e voltaram para o Paraguai levando consigo as lembranças, as
saudades e as lindas memórias de um ser inocente e tão especial.
26/06/2019
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