Por Alessandro
Kominecki[1]Jucelia
Castelari Lupepsa[2]
[1] Professor de Geografia – SEED/PR
Doutorando em Geografia, PPGG Unicentro, Guarapuava-PR.
Mestre em Geografia física, PPGG Unicentro, Guarapuava-PR.
Diretor no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak, RBI/PR.
Secretário de Organização da App Sindicato - NS Laranjeiras do Sul-PR
E-mail: alessandrokominecki@gmail.com
[2] Professora Pedagoga – SEED/PR
Mestranda em Educação, PPGE Unicentro, Guarapuava-PR.
Diretora no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak RBI/PR.
E-mail: juceliacastelari@gmail.com
Mestre em Geografia física, PPGG Unicentro, Guarapuava-PR.
Diretor no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak, RBI/PR.
Secretário de Organização da App Sindicato - NS Laranjeiras do Sul-PR
E-mail: alessandrokominecki@gmail.com
Diretora no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak RBI/PR.
E-mail: juceliacastelari@gmail.com
Fig.1 – Mapa mundi invertido. Fonte:
Arquivo Colégio Iraci, 2020
A
obra de arte “mapa mundi invertido”, construída na parede central do saguão do
Colégio Iraci, foi produzida pelo artista Tarcísio Leopoldo (Figura 1 e 2 ).
Baseado em obras que oferecem outro ponto de vista de projetar o mundo e nos
princípios que consolidam a defesa da educação do campo no Colégio Iraci Salete
Strozak de Rio Bonito do Iguaçú - Assentamento Marcos Freire.
Fig.2 - Mapa Mundi invertido produzido por Tarcísio Leopoldo. Fonte: Arquivo do Colégio Iraci, 2020 |
Analisar,
estudar e produzir representações do espaço geográfico caracteriza a
cartografia, tanto por mapas, cartogramas, plantas, pinturas, como qualquer
outra forma de projetar o planeta Terra. Essas formas de representar o planeta
em que vivemos foram constituídas historicamente à medida que se ampliavam as
relações de apropriação entre sociedade e natureza. Quando refletimos sobre a
representação do planeta Terra, abstraímos a forma clássica eurocêntrica de se
ver o mundo, que tradicionalmente aprendemos desde os primeiros anos do ciclo
escolar. Já se perguntou se existem outras formas de representar o mundo? A forma
clássica de distribuir os países pelo planisfério leva em consideração qual
parâmetro em relação ao espaço?
Esses questionamentos consolidam que é inexistente uma referência no universo para determinar a representação clássica do espaço geográfico, nas imagens é percebível que se trata de opção em representar os países da forma tradicional que estamos acostumados a visualizar, decisão meramente geopolítica e Eurocêntrica (Figura 3).
Esses questionamentos consolidam que é inexistente uma referência no universo para determinar a representação clássica do espaço geográfico, nas imagens é percebível que se trata de opção em representar os países da forma tradicional que estamos acostumados a visualizar, decisão meramente geopolítica e Eurocêntrica (Figura 3).
Fig.3 - Formas de representação do espaço mundial. Fonte:
Google Earth. Data: 27/09/2020
As relações Geopolíticas constituídas historicamente entre os países materializaram as formas de representar o espaço geográfico. Com isso, os distintos interesses no passar das épocas, a exemplo o predomínio da religião e consecutivamente a colonização, impuseram historicamente suas formas de projetar o mundo para sociedade. Obviamente o tamanho dos continentes/países e suas distribuições pelo planisfério obedeceram ao longo do tempo os interesses religiosos e posteriormente geopolíticos nas relações de poder e soberania, os quais conduziram ao Eurocentrismo.
Nicolás García Uriburu, artista contemporâneo argentino, arquiteto de paisagem e ecologista ofereceu ao mundo um novo olhar sobre as Américas. Defensor da arte dos povos originários da América, representou as américas em sua obra "Ni arriba niabajo” (Figura 4).
Fig.4 - Obra "Ni arriba
niabajo”
Sua
arte representa as Américas na horizontal, eliminando a percepção de Norte e
Sul entre os hemisférios.
O artista plástico Uruguaio JoaquínTorres Garcia (1935) consolidou sua defesa da valorização da cultura Latina ao produzir em 1943 uma das suas obras mais expressivas, a do “Mapa Invertido da América do Sul”. Asanuma (2019, p. 1426) enfatiza que a obra “[...] representa a América Latina de maneira invertida (para o padrão convencional), buscando uma autonomia, e chamando atenção para a necessidade de se repensar as relações da América Latina, como a sua posição de dependência”.
“Há um direcionamento para que os mapas, majoritariamente considerados como tradicionais, privilegiam o hemisfério norte (que ocupa dois terços do mapa), em especial a Europa que está sempre localizada no centro” (ASANUMA, 2019, p. 1426). Para Joaquim Torres Garcia, não há razão científica para o norte estar no topo de todos os mapas (Figura 5), ao proferir sua frase “El norte es el Sur”.
O artista plástico Uruguaio JoaquínTorres Garcia (1935) consolidou sua defesa da valorização da cultura Latina ao produzir em 1943 uma das suas obras mais expressivas, a do “Mapa Invertido da América do Sul”. Asanuma (2019, p. 1426) enfatiza que a obra “[...] representa a América Latina de maneira invertida (para o padrão convencional), buscando uma autonomia, e chamando atenção para a necessidade de se repensar as relações da América Latina, como a sua posição de dependência”.
“Há um direcionamento para que os mapas, majoritariamente considerados como tradicionais, privilegiam o hemisfério norte (que ocupa dois terços do mapa), em especial a Europa que está sempre localizada no centro” (ASANUMA, 2019, p. 1426). Para Joaquim Torres Garcia, não há razão científica para o norte estar no topo de todos os mapas (Figura 5), ao proferir sua frase “El norte es el Sur”.
Fig.5 Mapa Invertido da América do
Sul de Joaquim Torres Garcia (1943).
O
intuito de Joaquim Torres Garcia ao inverter a forma de representar a América
do Sul visa evidenciar a valorização dos aspectos culturais. Sua fala “porque
em realidad nuestro norte es el Sur” oferece ao mundo uma perspectiva diferente
de se ver a América do Sul, diferente da posta pelo pensamento eurocêntrico.
Para o Colégio Iraci, trata-se de despertar o interesse nos sujeitos Sem Terra, para decifrar e produzir distintas percepções de representação do espaço geográfico. Já que a perspectiva de representar o mundo de forma invertida, propõe o rompimento com a perspectiva clássica eurocêntrica dos mapas e, por conseguinte, propõe a compreensão crítica das suas influências no pensamento geopolítico mundial.
Para o Colégio Iraci, trata-se de despertar o interesse nos sujeitos Sem Terra, para decifrar e produzir distintas percepções de representação do espaço geográfico. Já que a perspectiva de representar o mundo de forma invertida, propõe o rompimento com a perspectiva clássica eurocêntrica dos mapas e, por conseguinte, propõe a compreensão crítica das suas influências no pensamento geopolítico mundial.
Referência
ASANUMA, E. S. Necessidade de
superação de mapas eurocêntricos no ensino de geografia.14º
Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia Políticas, Linguagens e
Trajetórias, p. 1422–1433, 2019.
MUITO INTERESSANTE! BOA REFLEXÃO, NOS LEVA A QUESTIONAR E ROMPER OS PADRÕES
ResponderExcluirMatéria maravilhosa, que desconstrói uma lógica dominante a que fomos submetidos. Parabéns pela matéria, pela Arte tão bem representada pelo artista Tarcísio Leopoldo.
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