domingo, 18 de outubro de 2020

A PESQUISA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS EDUCADORES DO COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO IRACI SALETE STROZAK E NA ESCOLA ITINERANTE HERDEIROS DO SABER: RESISTÊNCIA E LIMITES

                                                                                                                                                                            Por Jucelia Catelari Lupepsa [1]

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 Professora Pedagoga – SEED/PR
Mestranda em Educação, PPGE Unicentro, Guarapuava-PR.
Diretora no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak RBI/PR.
E-mail:  juceliacastelari@gmail.com


        Ensino e pesquisa como princípio científico encontram-se mais conectados nas universidades brasileiras, no entanto, ela também é relevante e deve fazer parte da formação continuada na educação básica, compreendemos que “faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa” (FREIRE, 1997, p. 29).  Para Demo “a pesquisa indica a necessidade da educação ser questionadora, do indivíduo saber pensar. É a noção do sujeito autônomo que se emancipa através de sua consciência crítica e da capacidade de fazer propostas próprias”.  (DEMO, 2011, p. 22). Assim, a educação na perspectiva da emancipação humana não pode estar descolada da pesquisa.  Com esse entendimento o coletivo pedagógico do Colégio Iraci e Escola Itinerante Herdeiros do Saber vem construindo ensaios para vinculação da formação continuada dos educadores por via da pesquisa, como princípio científico e educativo.

Destacamos aqui algumas das produções publicadas e em vias de publicação pelos educadores do Colégio Iraci e Itinerante em 2020:

A pedagoga Adriana Junkerfuerborn em co-autoria com o Professor Dr. da UFFS Alex Verdério publicou um artigo na revista Práxis Pedagógica intitulado:  A Educação do Campo Frente a Base Nacional Comum Curricular, está disponível no link https://revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/15299

A pedagoga Adriana Junkerfuerborn, o Coordenador da Escola Itinerante Professor Célio Rocha e a Coordenadora Professora Ciliana Federich, produziram capítulos para o livro Estudos Sobre a Realidade Brasileira: fundamentos e processos em educação, o livro estará à venda em breve no site da editora CRV.

A pedagoga Leonilda Ferreira em Co-autoria com Edilson Ferreira, apresentou resumo expandido na semana de Pedagogia da Unicentro.

O Professor de Geografia, Alessandro Kominecki, Doutorando do PPGG - UNICENTRO, diretor no Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak,  publicou em conjunto com demais professores das escolas do campo e da UFFS, capítulo de livro intitulado “A contribuição do PIBID para a educação do campo no ensino superior e na educação básica” https://publicacoes.even3.com.br/book/o-pibid-no-percurso-formativo-relatos-de-diferentes-experiencias-26635Também um artigo em vias de publicação (no prelo), que em breve estará publicado na Revista Brasileira de Geomorfologia.

A Professora Pedagoga e diretora do Colégio Jucelia Castelari Lupepsa em co-autoria com o Professor Dr. Marcos Gherker e a mestranda do PPGE da UNICENTRO, Daniele Aparecida Moraes produziram um capítulo para o livro “Educação do Campo e Indígena: estudos e pesquisas em contextos de resistência”. O livro está disponível para venda no sitio da editora CRV. https://editoracrv.com.br/produtos/detalhes/35052-educacao-do-campo-e-indigena-brestudos-e-pesquisas-em-contextos-de-resistencia

Além dos artigos publicados o Coletivo Pedagógico Iraci e Herdeiros desenvolvem a três anos estudos e pesquisas o Grupo de Estudos e Pesquisas Iraci Salete Strozak – GEPISS. Para o ano de 2021, se organizam para publicar livro a partir das pesquisas produzidas pelos participantes (Figura 1).

Fig. 1- Encontro do GEPISS em 2019. 

        Mesmo a pesquisa sendo considerada indispensável para a qualidade da educação, não há incentivos por via de políticas educacionais por parte do Governo do Estado do Paraná na rede de educação básica. Na primeira década do século XXI, tivemos momentos profícuos para a produção de conteúdos e conhecimentos por via da pesquisa no Estado do Paraná.  No entanto, a descontinuidade de políticas e programas educacionais pode ter cerceado a possibilidade de engajamento dos educadores na pesquisa científica, dentre eles destacamos: a descontinuidade na oferta do PDE enquanto uma política de formação continuada dos professores do Paraná; a descontinuidade do programa do livro didático público e do Projeto Folhas, a redução da hora-atividade de professores e a extinção da hora-aula dos pedagogos e a não oferta de edital de afastamento para cursar mestrado e doutorado, mesmo este último sendo um direito assegurado no estatuto do servidor público do Paraná. Assim, destacamos que são necessárias pesquisas para identificar os impactos da descontinuidade destes programas e políticas na qualidade da educação básica no Paraná.

Destacamos ainda, para além da diminuição da hora atividade e aumento da carga horária dos pedagogos nas escolas que foi imputada a todos os profissionais da rede estadual do Paraná, os desestímulos a pesquisa impostos aos educadores das escolas do campo, as quais são maioria no Paraná, pois ocorre o tolhimento do seu tempo livre, onde muitos destinam em torno de 60 horas semanais para a escola, entre translado e exercício profissional para assegurar o cumprimento de 40 horas semanais de trabalho, sendo que alguns nem desfrutam de horário de almoço, pois se deslocam de uma escola a outra nesse horário.

É a realidade de muitos dos educadores do Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak e Escola Itinerante que chegam a percorrer 150 km por dia, em estradas precarizadas. E é deste coletivo que queremos destacar que mesmo nas mínimas condições, mas por seu compromisso com a formação da classe trabalhadora, buscam a qualificação permanente por via do estudo e da pesquisa.  Mesmo durante o ano de 2020, onde fomos acometidos por uma pandemia, que nos fez reinventar nosso trabalho educativo, o Coletivo de Educadores Iraci e Herdeiros esforçaram-se para manter seu projeto formativo, por via de grupo de estudos e pesquisa (Figura 2). 

Fig. 2- Encontro do GEPISS via Meet em 2020.


Cabe destacar, que não há no presente momento qualquer mecanismo de financiamento público de pesquisa nessas instituições, no entanto, em processos de resistência, utilizando de seu tempo de descanso depois de jornadas exaustivas de trabalhos nas condições precarizadas já citadas acima, esses profissionais vêm se dedicando a pesquisa com vistas a sua qualificação permanente e engajamento e compromisso com a educação da classe trabalhadora.

 

REFERÊNCIAS

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 14ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.

 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997